Ascensão do cristianismo no Império Romano

 Perseguição e Resistência

Inicialmente, o Império Romano via os cristãos com desconfiança e hostilidade. As autoridades romanas os consideravam uma ameaça por várias razões. A principal delas era a recusa dos cristãos em adorar os deuses romanos e, mais importante, o imperador. Essa recusa era vista não apenas como um ato de desrespeito religioso, mas como um desafio político à autoridade imperial e à unidade do império.

Ao longo de três séculos, os cristãos foram alvo de perseguições esporádicas e, em alguns momentos, de campanhas sistemáticas e violentas. Os imperadores Nero, Domiciano e, mais tarde, Diocleciano, foram responsáveis por algumas das perseguições mais brutais, com cristãos sendo presos, torturados e executados em arenas públicas. Apesar disso, a fé cristã continuou a se espalhar, especialmente entre as classes mais baixas, escravos e mulheres, que encontravam na mensagem de salvação e igualdade uma esperança em meio a uma sociedade desigual.

A última prece dos mártires cristãos, de Jean-Léon Gérôme (1883)

Cristãos sendo usados como tochas humanas, na perseguição sob Nero, por Henryk Siemiradzki, Museu Nacional, CracóviaPolônia1876.

O Ponto de Virada: Constantino e o Édito de Milão

A situação mudou dramaticamente no século IV d.C. O imperador Constantino é a figura central nessa transformação. Após uma visão que ele teve antes da Batalha da Ponte Mílvia em 312 d.C., Constantino se tornou um apoiador do cristianismo. Embora ele só tenha se convertido no final de sua vida, suas ações foram decisivas.

Em 313 d.C., Constantino e Licínio, seu co-imperador, promulgaram o Édito de Milão. Esse decreto estabeleceu a tolerância religiosa no império, pondo fim à perseguição oficial aos cristãos. O Édito permitiu que os cristãos praticassem sua fé abertamente e recuperassem as propriedades confiscadas. Isso não tornou o cristianismo a religião oficial, mas lhe deu o status de uma religião legítima e protegida. A partir de então, o cristianismo começou a florescer, recebendo o apoio e o patrocínio do próprio imperador, que ordenou a construção de grandes igrejas, como a Basílica de São Pedro em Roma.

Busto do imperador Constantino

A Religião do Estado: Teodósio e o Édito de Tessalônica

A ascensão final do cristianismo ocorreu com o imperador Teodósio I. Em 380 d.C., ele publicou o Édito de Tessalônica, um decreto que mudou para sempre a paisagem religiosa do Império Romano. O Édito declarou o cristianismo, na sua forma nicena (a crença na Trindade), como a única religião oficial e legal do Império.

Com a nova lei, as práticas religiosas pagãs foram proibidas, e os templos pagãos foram fechados ou transformados em igrejas. Aqueles que não aderissem ao cristianismo oficial podiam ser considerados hereges ou inimigos do Estado. O que antes era uma fé perseguida tornou-se a única fé permitida, solidificando o cristianismo como a força religiosa e política dominante da Europa pelos séculos seguintes.

Basílica de São Pedro 

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